Anjo
Podereia contar...
O que vi
Onde fui
O que senti
Aquela noite onde a chuva se fazia presente
Viajei para lugares infindos
Posso precisar exatamente
Noite de quinta-feira
Vinte de fevereiro do ano corrente
Dois mil e onze foi quando conheci a terra dos anjos
Não me perguntem leitores o que tinha ao meu redor
Nem o que ou quem se fazia presente
Só tinha olhos para aquela obra de arte
Deveria ser uma das sete maravilhas do mundo
Se não do mundo
Do meu mundo seria a primeira
Teria sido Leonardo da Vinci ou Picasso?
Que me perdoem os mestres da arte
Pois, nem aqui estão para defendê-se
Mas obra assim nem a história proporcionou para mim
Mesmo que recorra aos deixados e guardados históricos
Nunca vi nada assim
Ousarei leitores, descrever essa pintura magnífica
Buscar a fundo a essência daquela obra viva
Olhos penetrantes
Uma boca bem desenhada
Voz sedutora
Sorriso radiante
Pele aveludada
E um perfume embriagante
Eram traços perfeitos dignos de um autor de renome
Seria olhar de anjo?
Boca de anjo?
Voz de anjo?
Sorriso de anjo?
Pele de anjo?
Seria ele um anjo?
Talvez mensageiro dos anjos que habitavam ali dentro dele
Aquela obra só poderia ser morada dos anjos
Poderia viver aquele momento para sempre
Poderia ficar presa ali
Naquela prisão abstrata
Queria ficar ali
Presa e nunca mais sair
Seduzida, mergulhei naquele olhar e comecei a viajar
Pude ver o que só os olhos da pureza veem
Encantada me perdi
Perdi-me dentro dele
Não busquei saída
Queria viver ali
Fonte de inspiração
De poesia e canção
Pensei se poderia ficar ali
Lugar tão puro onde só os anjos podem habitar
Como fazer? Não sou um anjo?!
Como ei-lo de me aceitar?
O que fazer se já estava encantada?
Como dizer que no caminho de volta uma parte de mim ficou dentro dele?
Como regatá-la se ele partiria ao amanhecer?
Deixei-o levar para que um dia quem saiba possa voltar.
(Essência, p15, DEZ/2011)
Suzana Sousa